segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Porque você dança?

Me perguntar o porque eu danço é tipo pergunta por que eu respiro.
E aí você pode pensar que vai vir todo aquele clichê de filmes de dança quando os atores vão explicar o porque eles dançam. Mas eu vou colocar os meus porquês, do meu jeitinho.

Eu nunca fui muito feliz com meu físico, com o jeito que eu lido com meus sentimentos ou com a minha relação com a minha família. Dizer que tudo era péssimo é pesado... Eu só não me sentia bem com essas coisas. São coisas assim que começam a te fazer enxergar dentro de si mesmo, é através das feridas que a gente enxerga nosso interior. E lá no fundo eu via que em algum momento eu ia suprir os meus problemas com algo maior (não vamos entrar no mérito de Deus aqui, porque Ele sempre irá me completar em todos os sentidos). 

Movimentar-se sempre chamou minha atenção. Me mexer por aí... Me lembro de um natal quando minha irmã ligou o rádio e falou para a minha família me olhar dançar.. eu devia ter uns 5, 6 anos. Provavelmente foi minha primeira performance... Tudo que era possível eu me enfiar e que envolvesse dança eu estava lá, desde sempre, em todas as escolas, clubes e qualquer lugar que eu ia. Mas eu era muito novo pra perceber que aquilo era o que o destino tinha reservado pra mim.

Quando eu fiz minha primeira aula de dança eu sabia que era ali que eu tinha que ter estado desde sempre. Aprender a controlar seus movimentos, a se expressar usando seu corpo é um dom sim. e é um técnica também. A combinação dos dois é que faz a diferença. Digamos que até hoje eu moldei muito mais meu dom do que minha técnica. Mas não é muito disso o motivo desse post. A ideia é dizer porque eu danço.

A primeira vez que, depois de uma apresentação, um amigo meu chegou em mim, chorando, dizendo que o que eu fazia com meu corpo era incrível, que eu lembrava o irmão dele que dançava e pra que eu não parasse nunca, foi a primeira vez que eu pensei em levar aquilo pra minha vida, como meio de viver. Uma outra vez eu ouvi de um grande amigo, depois de uma dança que dei de presente pra ele, que eu conseguia passar emoções através dos meus movimentos e ele em lágrimas me emocionou demais. E um terceiro momento, foi quando um outro amigo, depois de ter visto um vídeo meu, me olhou e disse: Marcelo... você dança. Entender o que ele quis dizer foi muito bom, foi reconfortante, revigorante.

Muitas pessoas que dançam não tem total apoio de seus familiares. Não é muito diferente comigo. Eu nunca ouvi nada do que eu ouvi dos meus amigos de alguém da minha família. Acho que eles não conseguem entender a importância da dança pra mim. Vai ver um dia eles leiam esse post e entendam.

Dançar pra mim é isso. É viver. É respirar.
É não ter medos. É não ter vergonha de ser quem eu sou, do jeito que eu sou.
Dançar pra mim é o único momento que eu consigo ser completamente honesto comigo mesmo e com o redor do mundo. São aqueles 5 minutinhos de paz interior. Dançar é fechar os olhos e continuar enxergando. Dançar é enxergar com os dedos, com os pés, com cada poro do seu corpo. Dançar é deitar no ar e se sentir seguro. É estar livre de tudo e de todos, é poder correr pra onde a gente quiser. É ser quem a gente quiser ser. Dançar é um sonho. É um pequeno pedacinho do paraíso.

E eu danço por isso.
Pra poder sentir cada parte de mim viva. Pra poder tirar de dentro de mim tudo o que me incomoda ou o que me deixa feliz. É fazer dançar todas as minhas lágrimas e os meus sorrisos. Eu danço pra me sentir parte de algo, parte de mim mesmo.

A vontade é de largar tudo e começar tudo de novo.
E dessa vez começar dançando.

Eu ainda vou me ver dançando e sendo reconhecido. 
Eu ainda vou fazer minha família me entender.
Eu ainda vou conseguir fazer as pessoas se conectarem comigo através da minha dança.
Eu ainda vou arrancar sorrisos, suspiros e lágrimas de quem se sentir livre pra embarcar comigo na minha história.

Eu ainda vou dançar. E continuar dançando.