quarta-feira, 20 de outubro de 2010

De amizade e de amor


Um dia eu me comprometi com um amigo a fazer um post conjunto com o blog dele. Eu fiz. Mas sem ele saber. Apropriei-me das suas palavras e criei meu post, mas dei créditos a ele, implícitos no post, pra quem conhece, entenderá. É uma homenagem e um ato de companheirismo ao mesmo tempo. A quem interessar, o blog desse meu amigo é:

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Amigos.

Ah os amigos... Que bela parte de nós. Cada um em seu cantinho, eu seu espacinho no mundo vai criando laços, se apegando a algumas pessoas... E quanto mais o tempo passa, mas essas pessoas vão ficando próximas, se conhecendo, se entendo e se amando. Eu até arriscaria dizer que essas pessoas vão se unindo de tal forma que a carne é rasgada pra que um faça parte do outro. É como um acordo com o destino. Para que eles se unam para todo o sempre. 

Eu poderia mandar algo mais privado para homenageá-los, mas quero que o mundo saiba que eu os amo. E como é lindo o amor entre amigos. É pelo simples fato de amar que se fazem amigos. Pela simples alegria de ter alguém pra compartilhar coisas.

Quero poder gritar alto... gritar... gritar... gritar. Pois então gritemos. Vamos novamente parar no centro do mundo e gritar. Do que seria da vida se não tivessem esses momentos fortes e emocionantes? E melhor do que nunca é viver esses momentos ao lado de quem nos faz bem. E é de clichês que vamos vivendo a vida. SIM SIM SIM. De clichês ridículos. Mas puros e verdadeiros. 

- Venham todos vocês meus amigos. VAMOS GRITAR!

E que nosso grito atravesse as fronteiras e chegue até aquela terrinha gelada com nome de especiaria. 

“Eu experimentei em poucos meses o mais intenso amor que pode existir entre seres humanos, eu senti a coisa mais incrível e inexplicável que há, eu amei e fui amado intensamente pelas pessoas mais completas da Terra, meus amigos”

Intenso, incrível, inexplicável. Será que essas três palavras são suficientes pra descrever tudo aquilo?
Amar e ser amado. O sonho de consumo de qualquer pessoa.
As pessoas mais completas, nossos amigos
A combinação mais que perfeita. A historia escrita. O desenho mais bem desenhado. A foto que fica na memória.

Tínhamos uns aos outros, nos completávamos de uma maneira que a trama era perfeita, sem falhas. Um circulo perfeito, moldado pelo tempo, onde o que importa foi se unindo e as sobras arrancadas impiedosamente, uma amizade moldada pelo fogo e pela água, sem facilidades e com tropeços, mas que no fim era indestrutível. 

E pra onde a gente vai agora? Com todo esse medo nos olhos... E pra onde o amor pode nos levar agora? 

- Pra tão longe que nós poderemos tocar o céu!!
- Se nós rastejarmos até conseguir andar!
- E andar até conseguirmos correr!
- E correr até ser forte pra saltar!
- E então voaremos ao lado do vento!!

Então rastejemos meus caros. Rastejemos de volta ao primeiro amor pelo simples fato de que a cumplicidade, o amor, a partilha, sempre foram tão grandes.

Uma amizade não se basta se ela for de apenas sorrisos. Nos momentos difíceis bastava um olhar e tudo se resolvia. Onde fica a parte que a gente cresce um com o outro? Sabíamos que nada pode estragar uma amizade verdadeira. É aí que a gente se olha no espelho e quando se percebe, o espelho é a face do outro.Amigos são nosso guia, nossa alma, aqueles que vem pra segurar nossa mão, nos abraçar, cuidar como se fossemos bonequinhos de porcelana. Amigos são pessoas as quais os sentimentos são extremados, nada de meio termo ou pouca coisa. “A vida sempre foi vivida da maneira mais forte possível, as experiências tinham que ficar marcadas na alma.”

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“Eu estou indo embora para longe dessas pessoas - seis grandes partes do meu coração - fui obrigado a cortar minha própria carne, sem dó, sem anestesia - minhas mãos tremulas de tristeza já não podem segurar essas pessoas.”

“estou seguindo um rumo novo - um novo passo em busca do meu EU - onde eu posso abraçá-los e beijá-los da maneira mais simples e sincera - as lágrimas são o que limpam meu sangue agora, meu soluço é a única musica que ouço nesse momento - uma mudança radical de vida”

“Onde quer que eu esteja vocês estarão comigo, dentro do meu peito, guardados onde ninguém possa machucá-los, onde vocês serão pra sempre meus”

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Valdir, você nasceu pra nos ter, nasceu pra fazer desse mundo diferente. Você fez do nosso caminho mais feliz, com você nós vivemos, choramos, sorrimos, aprendemos, fomos nós mesmos, nada de você foi negado, nos entregamos por inteiro a sua amizade.

E eu vou me indo... te desejando tudo de melhor e sabendo que o mundo está reservando sua melhor parte pra te dar! Te amo com todas as minhas forças. Do meu mais profundo, até a parte mais exposta da minha carne.

E tenho a certeza que falo por muitas pessoas. Mas especialmente por aquelas 6, e por isso, tendo essa certeza, pela primeira vez vou assinar um post.

Val, um beijo no seu coração,
Te amamos,
Túlio, Lucas, Israel, José, Marcelo e Fellipe.

"E que venham os próximos. E que eles sejam bons. Porque os ótimos eu já vivi!"

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Só sei que eles estão aí

Esses dias eu estava em casa assistindo Brothers and Sisters e, como se finalmente a cortina do teatro se abrisse para aquela peça que você tanto espera eu vi o que eu tanto tempo tentei esconder de mim mesmo. Todos os meus medos estavam ali no palco. Me encarando. Se mostrando pra mim. Alguns eu já conhecia mas outros eu nunca tinha prestado atenção.

Não é novo que nós temos medos. pode ser meio clichê dizer que eles nos formam, mas é uma verdade tão real. Eu só não consegui entender como eles nos formam. Talvez seja porque nós corremos tanto deles que acabamos achando forças pra lutar. Ou talvez, e este é meu maior medo, que nós os aceitamos e fazemos deles parte de nós. Eles ficam tão enraizados no nosso coração que conseguem nos moldar.

Sentir medo indica fraqueza?
Talvez. Não excluo essa hipótese.
Sentir medo é não estar preparado para alguma coisa. É necessitar de algo ou de alguém pra continuar.

Eu não sei como lidar com meus medos.
E não sei muito bem o que escrever sobre eles.
Mas como eu decidi criar o Hablaciones pra desabafar e falar o que eu estava sentindo eu estou escrevendo. Como eu tenho visto algumas pessoas se identificando com o que eu escrevo aqui eu não vou parar. Eu sempre quis dizer muita coisa mas tive medo, agora não mais. O Hablaciones me ajuda nisso. E talvez ajude outras pessoas também. Uma vez um moço disse pra mim sobre um post do blog: "vc me descreveu lá, me senti até violado.. exposto daquele jeito, em publico". Acho que nossos medos fazem isso. Nos colocam em público, mostram aqueles monstrinhos escondidos dentro de nós.

Desde muito tempo atrás eu acho que vou morrer cedo. Não sei se de alguma doença ou de um ataque cardíaco. Mas sempre tive essa sensação. E quem dirá que isso não pode acontecer mesmo? E assistindo ao episódio o primeiro medo se mostrou e os outros vieram acorrentados a ele. Eu tenho medo de morrer. Morrer me impediria de tantas coisas. Eu tenho medo de abandonar minha família, meus amigos, minha vida.

Eu tenho medo de não amar alguém com todas as minhas forças.
Eu tenho medo de não ser correspondido.
Eu tenho medo de não ser o suficiente como profissional.
Eu tenho medo de ser sempre o mesmo.
Eu tenho medo de machucar alguém.
Eu tenho medo de não estar perto quando alguém precisar de mim.
Eu tenho medo de não conseguir viver minha família o quanto eu gostaria.
Eu tenho medo que alguém morra sem eu ter me despedido.
Eu tenho medo de ficar sozinho.
Eu tenho medo de não chorar mais.
Eu tenho medo de morrer sem ter dado alegria a alguém.
Eu tenho medo de não conseguir tomar atitudes que venho tentando tomar a tanto tempo.
Eu tenho medo de sentir saudades e não conseguir matá-la.
Eu tenho medo de não achar o amor da minha vida.
Eu tenho medo de não ter filhos.
Eu tenho medo de deixar meus medos me dominarem.

Esses dias eu disse que eu amava tanto minha sobrinha. E como eu amo ela. E como eu vou amar o meu outro sobrinho que está a caminho. Eu disse nesse dia que ela é a pessoa que eu mais amo no mundo. E que ela era a única pessoa que se fosse necessário morrer pra salvar eu morreria. Um pouco depois eu pensei na minha vó, e depois na minha mãe, e meu pai, minha irmã, o bebê
que ela carrega, as 6, maravilhosas, pessoas que moram comigo, meus amigos de verdade, cada um deles apareceu na minha mente. Eu realmente amo cada uma dessas pessoas de uma forma muito intensa. Eu já dei muito de mim para outras pessoas. E não me arrependo disso. Mas e se realmente eu precisasse morrer por algum deles? Eu teria mesmo coragem? Eu seria suficientemente
homem pra encarar? Ou eu simplesmente fugiria?

Eu espero conseguir lidar com meus medos. Conseguir destruí-los eu não garanto. Mas ao menos conviver com eles. Saber o que fazer quando eles aparecerem na minha frente. Eu tinha medo de encará-los e eles se voltaram contra mim. Talvez existam muitos deles escondidos ainda. Com medo de se mostrar. Talvez eu tenha ficado mais sincero depois de conhecer meus medos. Sincero comigo mesmo. Talvez agora, finalmente, eu consiga me entender.

E se realmente eu morrer cedo... eu espero ter vivido o suficiente. Eu sei que não vou ter feito tudo o que eu queria. Mas eu quero pensar que o que eu tiver vivido seja o bastante pra deixar boas memórias.